No passado sábado as "Escolinhas" do JO apresentaram-se aos seus sócios e adeptos, onde imperou um misto de alegria e prazer. Fazendo a entrada com a equipa júnior, foi agradável ver as suas carinhas larocas a deslizar sobre o ringue do Pavilhão Municipal para jubilo dos papás e mamãs e demais publico presente que se deliciaram com as traquinices que foram apresentadas por estes atletas. Depois de feita a apresentação os pequenotes sentaram-se e puxaram pela sua equipa júnior. No intervalo do jogo fizeram uma demonstração daquilo que já aprenderam, lutando e patinando na busca do sucesso, que esperemos possa vir a ser alcançado futuramente. Isto é fruto de um trabalho onde se engloba várias pessoas que convergem num único objectivo, de promover acções de informação junto de creches e jardins infantis para abranger um maior numero de "miúdos" para que o futuro do hóquei do JO seja mais risonho.
Em jeito de informação vou transcrever um artigo de opinião que publiquei neste mesmo blogue em Agosto de 2010.
"O treino de atletas jovens tem de ser cuidado e planeado com coerência, disciplina, discernimento e atitude. As idades de iniciação são decisivas no futuro dos jovens, quer a nível desportivo e, não menos importante, a nível pessoal. As crianças são capazes de auto-construir um adulto com muitas bases nas suas vivências desportivas!
Nos jovens devemos privilegiar o gosto pela modalidade, a criação de hábitos desportivos, de disciplina, higiene, aquecimento, etc. O treinador acaba por ser um complemento importante aos pais e professores do atleta, no que diz respeito à sua educação e à sua formação como pessoa e cidadão.
Guiando-me por este ponto, pelas várias vertentes da vida do jovem que funcionam em complementaridade, é pertinente referir o apoio dos pais, e a importância destes no início da carreira do atleta. Em fases posteriores da vida desportiva do atleta, o nível moral acaba por ganhar um papel mais proeminente e torna-se um factor determinante; este nível moral é (foi) construído pelas suas vivências, em idades mais tenras, proporcionadas por treinadores, directores do clube, pais, pares, etc.
Ressalvo que “apoio” não é “pressão/exigência”! Os pais têm de entender que os seus filhos não vão apaziguar as suas próprias frustrações (e.g. quando os pais desejam para os seus filhos aquilo que eles nunca conseguiram ser), e que as expectativas têm limites. Eles devem saber exprimi-las da forma correcta, pois um atleta apenas se sente motivado quando sente que é capaz de alcançar o objectivo definido ou esperado; isto é, se as expectativas dos pais forem demasiado elevadas, e se a criança sente que não consegue lá chegar, vai acabar por diminuir o seu rendimento e, até por vezes, desistir da modalidade, colocando de parte a sua vida desportiva.
O atleta também se sente motivado apenas se os objectivos propostos (pelo treinador, pelos pais ou por ele próprio) forem parcelares. Se quisermos, é necessário dividir um objectivo geral em vários objectivos singulares/específicos e mais acessíveis, com mais probabilidade de sucesso.
Esta definição de objectivos é a primeira etapa no planeamento de um treino, de um jogo e até de um campeonato. Além disso, é a definição de objectivos que permite ao atleta (e ao treinador, assim como aos mais diversos intervenientes no processo desportivo/competitivo) desenvolver as, supra referidas, estratégias para alcançar o sucesso, quer este seja pessoal/individual, quer seja de grupo/equipa. É fundamental que o treinador incentive os atletas a definir os seus próprios objectivos, para além dos objectivos da equipa (que devem ser formulados com conjunto – treinadores, dirigentes e atletas); se os objectivos individuais do atleta forem estudados é possível avaliar e, por vezes, prever o seu nível de desempenho. Os objectivos inalcançáveis ou despropositados, relativamente à equipa ou ao tipo e nível de competição em que está inserida devem ser reformulados e adaptados ao interesse geral do grupo , essa deve ser a prioridade máxima. É importante ter em conta que os objectivos definidos devem ser concretos e viáveis; o “fazer o melhor possível” não é uma opção, é demasiado vago!
Voltando à questão das camadas jovens, é importante que o treinador tenha a preocupação de manter os atletas orientados para a tarefa, e incentivá-los a melhorar simultaneamente. O resultado vai ganhando importância progressivamente, à medida que o nível do atleta aumenta. A mesma atitude deve ser tida pelo próprio treinador, contudo tendo o cuidado de não desvalorizar demasiado o gosto pela vitória, correndo o risco de perder a motivação da equipa. [Talvez seja nesta perspectiva que os treinadores se baseiam para festejarem, apenas, os golos a partir do escalão de iniciados, valorizando demasiado o “importante é participar”… quando não é! O importante é melhorar, superar-se, transcender limites.]
Um atleta orientado para a tarefa é aquele que quer melhorar em relação a si mesmo, por sua vez, um atleta orientado para o resultado (ou para o ego) é aquele que deseja vencer e se preocupa com o adversário e com a competição. O ideal é que, em alguma fase da sua carreira, o atleta consiga atingir o equilíbrio e conciliar essas duas orientações, assim como racionalizar os seus esforços e ambições pessoais.
Pois, não só o atleta tem estes deveres. O treinador é o seu precursor mais saliente, e tem de ser ele a incutir-lhe estes conceitos, valores e atitudes. Nas camadas jovens, o treinador acaba por ter a função de “educar” os pais dos seus atletas, para que todas as arestas possam ser limadas e para que se crie um bom atleta, não em termos técnicos ou tácticos, mas sim em valores e atitudes pessoais.
Artigo da Autora "Rute Cardoso Carvalho"
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro2009
2 comentários:
Parabéns a todos os intervinientes principalmentes aos treinadores que trabalham com este pequenos grandes atletas, que são o futuro do nosso clube e da nossa sociedade. PARABÉNS JO.
Formar seres humanos. Evitar que sejam... formatados!
O futuro são eles e são, JÁ, o nosso (e o deles) presente.
Obrigado pelo bom trabalho.
Tenho muita pena de não estar a poder acompanhá-lo como tanto desejava.
Grande abraço
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